Caridade divulgação

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Mensagens Luz Espírita

As Alegrias do Coração


Desde os tempos mais longínquos, os homens se reúnem para a realização de celebrações. No princípio, essas comemorações estavam mais particularmente relacionadas aos fenômenos da natureza tais como as estações do ano, a época das colheitas, etc. Também se incluem as celebrações relacionadas às divindades protetoras, como por exemplo, os deuses da caça, da pesca, do sol, do trovão, das matas. Incluem-se também as festas religiosas, que todos os povos e nações, de alguma forma, realizam.
Se no princípio essas comemorações se caracterizavam pela simplicidade e até mesmo por uma certa ingenuidade, não demorou muito para que os homens aproveitassem esses momentos para extravasar seus vícios e paixões inferiores, como uma válvula de escape. Aquilo que a princípio era considerado como sagrado começou a ser invadido pelo profano.
Embora nosso mundo ainda seja de expiações e provas, Deus permite à humanidade momentos de alegria, necessários para a vida em comum e para fortalecimento da confiança e da esperança na bondade e na misericórdia divinas. Mas há que se fazer uma distinção entre as alegrias mundanas e as alegrias espirituais e o grande desafio está em se deixar as primeiras para se conquistar as segundas: as alegrias do coração.
Há uma falsa concepção, que atravessa os séculos, de que para se mostrar cristão seja necessária uma aparência severa, fechada, carrancuda. Tanto é verdade que os adeptos de certas crenças são caracterizados justamente pela maneira como se vestem ou com as características físicas que apresentam, sempre austeras.
Sobre essa questão há um oportuno esclarecimento em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, na Capítulo XVII, item 10, na mensagem cujo título é “O homem no mundo”. O autor espiritual afirma:
“Não penseis, porém, que ao vos exortar incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a viver uma vida mística, que vos mantenha fora das leis de sociedade em que estais condenados a viver. Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um sentimento de pureza que as possa sacrificar.”
De fato, o verdadeiro cristão deveria ser um perene otimista, já que é conhecedor das promessas de Jesus para a vida futura. E o espírita, particularmente, mais ainda, pois é conhecedor das leis que regem a vida material e a espiritual, as quais acarretam conseqüências morais baseadas nos ensinamentos de Jesus. Por isso a recomendação do benfeitor espiritual na mensagem acima citada:
“Estai sempre alegres e contentes, mas com a alegria de uma boa consciência e a ventura do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.”
É importante destacar que o Espiritismo nada proíbe, já que todos, sem distinção, são dotados da liberdade de escolher o que melhor lhes convém. Portanto, a questão não é proibir a participação nos momentos de alegria que a condição humana permite, mas sim o exame da própria consciência: o que se pretende fazer acarretará algum prejuízo ao próximo? Acarretará algum prejuízo a si mesmo? Essa advertência não deixou de ser citada na mensagem do benfeitor espiritual:
“Sede felizes no quadro das necessidades humanas, mas que na vossa felicidade não entre jamais um pensamento ou um ato que possa ofendera Deus, ou fazer que se vele a face dos que vos amam e dirigem.”
Para aqueles que consideram necessário participar de tantas festas, incluindo as coletivas, para “aliviar as tensões” – dizem eles – vale o conselho desse benfeitor espiritual:
“Basta referir todos os vossos atos ao Criador, que vos deu a vida. Basta, ao começar ou acabar uma tarefa, que eleveis o pensamento ao Criador, pedindo-lhe, num impulso da alma, a sua proteção para executá-la ou a sua benção para a obra acabada. Ao fazer qualquer coisa, voltai o vosso pensamento à fonte suprema; nada façais sem que a lembrança de Deus venha purificar e santificar os vossos atos.”
No entanto, para aqueles que já não se encantam com as alegrias mundanas, que já descobriram o quanto é necessário saber aproveitar construtivamente o tempo de vida aqui na Terra, estes vão percebendo que existem outras alegrias: as alegrias espirituais. E sobre estas, há valiosa sugestão em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, em belíssima mensagem intitulada “A beneficência” (cap. XIII, item 11), do benfeitor espiritual Adolfo, bispo de Alger. Afirma ele:
“A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo, os gozos mais puros e mais doces, as alegrias do coração, que não são perturbadas nem pelos remorsos, nem pela indiferença.” 
É importante destacar, nessa frase, que as alegrias mundanas podem apresentar, como consequência, o remorso e a indiferença... Por esse motivo é que ele destaca a grande diferença entre as alegrias mundanas e as alegrias do coração, justamente pelos efeitos que cada uma proporciona:
“Quais as festas mundanas que se podem comparar a essas festas jubilosas, quando, representantes da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias, que da vida só conhecem as vicissitudes e as amarguras”.
Acrescenta o generoso benfeitor que as alegrias do coração, conquistadas pela prática da caridade, proporcionam “infinitas alegrias para o próprio futuro, o antegozo das alegrias que mais tarde desfrutarão.” E aconselha com humildade:
“Possam os meus irmãos encarnados crer na voz do amigo que lhes fala e lhes diz: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida.”
A alegria do coração consiste em promover a alegria do próximo que, por algum momento, se encontra em desvalimento, seja material ou espiritual. Nesses momentos o homem atua como um “representante da Divindade”. A bondade e a generosidade constantes em favor do próximo resultarão em alegrias espirituais sublimadas. Foi o que ele afirmou: “Colhereis neste mundo alegrias bem suaves, e mais tarde... somente Deus o sabe!”

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Abuso sexual infantil


Ao tratarmos de um assunto que envolve crianças e adolescentes, temos de levar em conta que a legislação brasileira considera como “criança” a pessoa com idade entre zero e doze anos, e passível, apenas, da aplicação de medidas protetoras e socioeducativas. A “adolescência”, por sua vez, inclui as pessoas entre os doze e os dezoito anos, encontrando-se estas sujeitas à aplicação das mesmas medidas(1). 

A Organização Mundial da Saúde considera o abuso sexual infantil como um fenômeno de maus-tratos na infância e na adolescência, definindo essa violência da seguinte maneira:
“A exploração sexual de uma criança implica que esta seja vítima de uma pessoa sensivelmente mais idosa do que ela com a finalidade de satisfação sexual desta. O crime pode assumir diversas formas: ligações telefônicas ou obscenas, ofensa ao pudor e voyeurismo, imagens pornográficas, relações ou tentativas de relações sexuais, incestos ou prostituição de menores.”

A criança que é sexualmente abusada cria sentimentos de medo, vergonha, perda da confiança em pessoas do mesmo sexo do abusador, sentimentos de culpabilidade, baixa autoestima, além de, mais tarde, poder vir a sofrer de depressão e ansiedade; e, se o abusador for um familiar, a angústia pode tornar-se ainda maior. No entanto, existem diferenças quanto às consequências do abuso, em relação a rapazes e meninas. 

Na ótica espírita, é necessário cautela, porque o sentimentalismo exagerado cria espíritas repletos de estereótipos que os colocam em distorção com a realidade social. É preciso romper com a visão clássica colocada, principalmente pela prática jurídica, em que se tem, de um lado, o autor da violência, o representante do mal, o marginal ou o psicopata; de outro, a pobre vítima, merecedora de toda pena e benevolência, e, ainda, os representantes do bem e da justiça humana. 

Aprendemos com a doutrina que somos espíritos e vivemos, de forma representativa, inúmeras vidas. Dessa forma, muitos reencarnam para participar intelectualmente de verdadeiras emboscadas, visando atingir, de maneira dolorosa, a intimidade sexual do próximo; outros foram executores de crimes desse tipo, e agora estão tendo sua expiação, tornando-se vítimas do mesmo mal.
Conforme a O.M.S.(2), se as vítimas forem rapazes, existe uma probabilidade de se tornarem agressores, podendo repetir os mesmos comportamentos a que foram sujeitos. A doutrina nos explica que um espírito encarna num corpo que possui características genéticas afins e também reencarna num grupo de pessoas (família) que tem pensamentos parecidos (explicando os maus-tratos na infância, que muitos psicopatas e pedófilos sofreram).

Tudo é conduzido por sintonia de frequências, pensamentos atuais e ações pretéritas, conforme a explicação da Física Clássica: ou seja, Ação e Reação.
Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, que o espírito, na fase da infância, atraia e entre em sintonia com a frequência do agressor, ou seja, o pedófilo. Talvez não haja a programação, mas a tendência que a criança traz consigo, sendo forte, pode haver o risco de que ela passe por algo do gênero, que a espiritualidade não conseguirá evitar. 

O espiritismo ensina-nos a não condenar ninguém, recomendando que tenhamos, com relação a todos, respeito, consideração, inclusive para com as pessoas desequilibradas sexualmente, uma vez que elas constituem espíritos que atravessam um momento difícil e necessitam promover a sua edificação moral, através de uma conduta sexual equilibrada. Porém, não é lícita a ninguém, a “agressão sexual”, que vem a ser uma prática criminosa, por envolver criaturas inocentes e indefesas, constituindo, assim, um ato de extrema violência que, por isso mesmo, deve ser combatido.
Onde estariam esses espíritos benfeitores que visam amparar os envolvidos nesta expiação? A resposta pode ser encontrada em Kardec, que nos esclarece na introdução de O Livro dos Espíritos : “As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.” 

Muitos podem questionar, indagando o porquê de uma criança, ainda nos primeiros anos de sua infância, passar por tamanha crueldade: onde estaria a lógica em nascer e passar por uma expiação como essa? O que esta criança teria feito para sofrer tal punição?
A resposta está nos renascimentos sucessivos, que abrem perspectivas nunca antes contempladas. A imortalidade, exercitada pelo espírito ao longo de suas existências, num processo contínuo de evolução infinita, nos traz, através da reencarnação, uma maneira de nosso espírito evoluir. Kardec diz:
“[...] a encarnação não é uma punição como pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do espírito e um meio dele progredir” [...] “a encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito; ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas e más qualidades”(3)
A Doutrina espírita prepara os jovens a se tornarem homens aptos para uma convivência dinâmica com a sociedade, ensinando-nos a entender as diversas atitudes do “Ser Humano”.


1. Estatuto da Criança e do Adolescente: art. 101 e 112 da Lei n. 8069/90,
2. Organização Mundial da Saúde
3. Livro: “A Gênese” – Allan Kardec - cap. XI - item 26